Monday, May 28, 2007

Nesses dias

Olha! Agora passa todo o mundo pela janela.
Lá fora está uma manhã tão bela, mas por quê?
Por quem haveria o sol de luzir, se ao cair da noite ninguém vai sorrir?
Haveria a manhã de cansar, deixando por si a tarde inteira chegar, e a noite por fim contemplar.
Mas cá, onde o sol não brilha e nem tem graça, na presença do frio que retira o viço e a força, por que é que os fantasmas do tempo deixariam o dia se anunciar de leve?
Breve, leva agora sol minha mente, pra longe, pr’algum lugar donde me machucar não eu possa, nessa bossa que de nova nada tem.
Vê lá, que assim como meus dias se gastam, não sei se por medo ou descaso, sorrir é o que nem consigo fazer.
Clareando, vão mil e dez idéias de ideais se passando, retas em linhas se cruzando e eu ainda sem poder entender.

Pelo punho da espada corre o sangue, do passado que apunhalei pelo nome da distância que esse veio a ter.

Quão será de todo sono a ilusão, ser-se-á verdade ou tema de canção, isso é mais do que eu poderia talvez entender.
Quiçá, o viço das manhãs se refaça, o brilho volte às tardes sem graça e na noite de medo eu jamais volte a tremer.

Surgiram os heróis desconhecidos, foram-se embora os famosos bandidos, e mesmo assim não me vejo entre eles, nem ao menos comigo.

Quantos moinhos hei ainda de ver, quantos infernos ao inverno padecer, quantos meios sem início ao fim verei enrubescer...

Desde agora, sempre soube o que é a estrada - piada sem graça - calçada de praça tombada, mas no tombo quem se fere sou eu.Desabafo, faz favor de aliviar meu cansaço, se o descaso não lhe chega por acaso, diz pra graça da vida aparecer.