Friday, January 30, 2009

DESencontro

Parado na parada, absorto em leves nuances de pensamentos; visitando paradeiros e afluentes de mim mesmo.
Avisto o ônibus, e neste dia chuvoso e úmido as três escadas se lhe parecem-me tal qual umas doze ou quinze. Subo no transporte e como se induzido pelo conforto do assento escolhido deixo minha mente voar tal agora há pouco, só que desta vez com uma velocidade e desbravações potencializadas fortemente.
Ouço e declaro afirmações e questões, explicações e remissões, risos e pesares. Converso internamente com meu conhecimento por minha mãe, meu Deus, meu anti-Deus, pessoas e outras gentes menos importantes. Quando repentinamente cai-me o queixo.
Olhando para a frente me deparo com algo que fez para mim figurar como se o ônibus agora houvesse parado e ali estivesse apenas eu e: Eu mesmo. Mas como é possível?
Percorro dalí por todo o olhar e pelo que vejo por adentrar tal olhar. Tento assim remexer nas lembranças daquele eu tão aterrador para mim.
Será que desfruta dos mesmos interesses e preferências que eu? Por qual parte de um ornamentado café começaria ele e como procederia do fim ao início? Tento desviar-me daquilo, e nisso praticamente me jogo para dentro de mim mesmo, daquele eu em meu lugar. Penso em um espelho, e nisso sou jogado àquela minha outra existência até há pouco desconhecida e percebo que aqueles olhos, fazedores daquele até tão pouco tempo único semblante eram os meus, nada mais nem menos.
Passo no que posso até ter me hipnotizado com o auto-encontro (e nisso já me faço questionar se aquele eu também alimenta ogeriza direcionada a tão comentada reforma ortográfica comentada com esmero pela porca mídia.) Vão e vem respostas cálidas e mudas perguntas. Nada de certeza, só a perplexidade permeando meu trajeto.
Vejo em meus olhos da mente todos os grandes momentos perfeitos e os que eu sempre quis esquecer-me. Terá vivido aquele outro eu por todos os moldes que me fizeram assim? Ter-se-á apaixonado sempre da mesmo forma que eu o fora? Terá como círculo de amizades as mesmas segundas-pessoas que eu, como uma forma de existência minha paralela, conhecedora de vários "eus" de quem me cerca; eus esses também inconsciêntes de suas outras existências. Amores e desamores em formas, traumas deles, lembranças de presenças e sofreres de ausências pelos caminhos.
Como haveria de ser tão eu mesmo não sendo?
Naquele momento parece que o mundo pára. Alívio permeando todo o âmago transfigurado. Não poderia ser comum nem humano haver dois moldes de tal peculiar eu mesmo.
Não, não era eu - e nisso como um alívio gritado vem em minha mente multi imágens em riso.
Não, eu nunca portaria um guarda-chuvas. Pessoa estranha, essa que acabou de descer neste tão incomum ponto.


Tuesday, January 27, 2009

E depois?



Avista teu novo eu, em frente ao espelho.
Vide o quanto marcado está
Acene ao passado, teus eus por lá deixado, 
Ensine a ti, o que aprender sempre foi impossível: Deixar

Tuas vidas e tamanhos que por lá ficaram,
Cabias em pequenas caixas e vitrinas; 
quando nas médias caixas e vitrinas, nas pequenas não mais.
das grandes, ficaram duas para trás.

Vistes que o tamanho esterior assusta muito menos?
Porquanto dentro varias ainda extremamente, grande ser, voilà pequeno
Outrossim, acene também ao incerto, este sim, o mais presente, mais doente...
Doença esta que é o medo, velho amigo, sempre contigo.
É sabido há muito que teu ser não o és. Pertinência é figuração.
Tardando agora em saudades e dúvidas perguntas "cadê futuro?"

Virá pelos trilhos que tua pena fará possível
Oh, desenhar tal rumo é tão cansativo
Tua visão crua faz doer,
Teus pensares alí a viver e exigir alimento,
Dançante ser, de ciranda de vida a ver
Volte agora ao seio da dúvida, abrace ele
Agora é sabido que desde sempre a intenção dela era lhe abitar.