Monday, June 04, 2012

Novidade que inexiste


Dias perturbados permeam meu cotidiano extremo, e nisso me questiono sobre coisas comuns, banais. Peso de idade, forma de ver o mundo e inter-relações com quem é próximo. Ciente de inúmeros defeitos e pesando opções de paz para consigo mesmo, segue errante o arremedo do que quis um dia ser, e ao mesmo tempo o ídolo que ocasionalmente tomo por verdade para comigo mesmo.
Há dúvidas sobre tudo e certezas absolutas, como um tango em sua dramaticidade elevada com expoentes fantásticos onde a lástima que se apresenta tem tons e temperos de vivacidade ensandecida. Frente a sentimentos puros e imundos de não-vida e sobrevida, diante de retaliações para consigo segue em frente este que oscila entre a primeira e a terceira pessoa de forma sem propósito, propositadamente. Nas palavras vinha vendo percalços e tombos, como um truão com maquiagem de sorriso ao perceber que lágrimas de si pulavam em suicídio rumo ao chão. 
Fez-se forte tal truão, fez-se seu, depois de quase trinta anos, do nada, repente surpreendente se fez ocorrer e nisso, ao contrário do que idealizava, vê este tolo que nada muda com isso, nada se expande ou se comprime com certezas, e elas nada mais figuram a si do que duvidas deixadas de lado, como uma espécie de fé que não se tem, só se ascente, só se defende num ostracismo controlado que nomeia razão. A não-razão foi deveras encarada fronte a fronte, devaneios a viagens, medos a soluços bradando "nada temo!" e paixões que em uma semana sublimavam. Se carência ou não, parecem agora tal tipo de momentos tão sérios quanto uma partida de ping-pong, de um lado a comoção e entrega, do outro o resguardo, esse tão confortável e sem expressão que chegava a doer por tamanha covardia. Ei-la! tão irreal e tardia a falta de sentimentos pretendida - porém nem sempre atingira - como um nirvana ao avesso que nada lhe acalenta nem garante, como uma piada, tão infante que nem um riso tolo lhe causa, só estanca sofrimentos passageiros que são deveras extremos e alegrias eternas e efêmeras que como tão intensas duram menos do que um cigarro a queimar, e nisso a noite a passar e nada, absurdamente nada - embora não fosse essa a ideia -, nada mudar.