Saturday, January 27, 2007

Porque superstição da azar...

Seres animados humanamente, por vezes muito desanimados e crédulos se põem em modo randômico de vida e passam os dias como roletas russas, com suscetividade de atos e ações alucinadas e nonsense. Quase sempre essas mal iluminadas auras carnais se apegam as crenças insípidas, tornando-se assim pessoas insossas. Digo em alto e bom tom: Ter simpatias dá azar, principalmente se o individuo supersticioso as praticar em noite escura de lua nova; dá muito azar! Contra tal azar, só enterrando uma garrafa de cachaça embaixo da casinha de um cusco sarnento, deixando-a ficar por lá até a próxima lua cheia, então a retirar de lá e beber tudo em um só gole.

Diz-se por aí que nem gato preto em noite de lua cheia escapa de tal azar não se redimindo da forma indicada acima; és antipático com a superstição? Então a superstição não simpatiza contigo!
Avistam-se as apostas da casualidade e sobre ela se atira inúmeros maus agouros pra que de antemão fique estipulado o motivo do fracasso.

Gato preto que passa por baixo de escada com uma figa pendurada no pescoço, um trevo tetra foles colado no pelo e um uma pata de coelha na boca (de preferência sem o coelho, mas se o coelho estiver fazendo companhia à perna, melhor que esteja morto, senão a coisa desanda) não vira gato escaldado!

Refutemos então todos os presságios científicos. Fiquemos com as certezas mitos! São tão mais românticos. Neguemos toda e qualquer ironia em dia de chuva com temperatura de 18 graus; de fato quem as faz acaba sendo atropelado por bonde.

Quem, de maneira aguerrida se apega às intempéries da sorte nunca se perde nos traços tortuosos da vida. Se você apostar em jogos de azar e neles se jogar de forma a deles. Ter sorte nos jogos de azar é a certeza, a dúvida é saber quando o título deixará de falar mais alto e a boa providência retumbará sobre as cálidas derrotas. No giro da roleta a sorte é jogada ao encontro do azar, da roleta sai a bala, roleta pode matar.
Pra isso não acontecer alguns crêem que uma superstição simpática age como antídoto. Se jogar, embriague-se tanto a ponto de não lembrar nada no dia seguinte, assim, poderá fácilmente por a culpa em uma escada a qual passou-se por baixo, um gato preto, um espelho quebrado ou uma estrela cadente ignorada sem pedido. Perdição, caída à superstição!

Friday, January 19, 2007

Consciência concisa?

Sarah Váh casa-se com Al Osama da Silva, no Oriente Médio, casamento este feito pelos pais dos noivos, estes que por suas vezes nunca se viram na vida, mas são fadados a contraírem núpcias. Al Osama da Silva torna-se um marido infeliz e passa a procurar em várias outras – harém- uma suposta satisfação, fazendo de Sarah Váh seu capacho pessoal, humilhando-a, espancando-a e tirando qualquer sopro de vida própria de tal. O que aconteceu a eles é algo que têm que aceitar pois foi resultado de suas escolhas tal infelicidade. Pois sim!

Há algumas décadas uma cidade industrial sem nenhuma expressão política em uma ilha de gente amarela de olhos puxados é atingida por uma ogiva nuclear – vulgo Bomba atômica, para os íntimos.
Todo o ocorrido com cada cidadão foi culpa de suas escolhas e anseios pessoais. Escolheram câncer, gangrenas seguidas de amputações, deformidades, mil anomalias e outras delícias destas para si e seus descendentes? Claro que sim!

Um casal resolve se separar – Oxalá fossem Sarah Váh e seu dedicado marido, mas esses não o podem. Quanto a separação também não me refiro a irmãos siameses nascidos na ilha acima aludida – apenas mais um casal comum, daqueles que têm em suas rotinas uma guerra; compartilham um filho – ignora-se a idade – que por vezes é aliado, outras inimigo; isso quando não lhe recai o fardo de espião ou sabotador. Suponhamos que tal casal se separe e um, ou ambas as partes comece a fazer maldades para o rebento com o intuito de atingir o (a) ex, então com base nas afirmações fica claramente óbvio de quem é a culpa pela desgraça diversamente escrutinada que o descendente tem por vida: O próprio. Tida a máxima de que todo e qualquer mal que se passe em vida é decorrência de escolhas e ações do mesmo âmbito, sabe-se de pronto que o infeliz sofre e o merece por ser parte da cadeia trilógica. Quem mandou ter nascido? Não nasceu porque quis? Agüenta!
Insuflou-se o ego da sumidade que defendia tal tese sem questionar , vede bem, é generalizada. Mas afinal de contas, pensar não é dolorido demais? Brindemos então tal cegueira desnocionizada do Dr. Sig! Lacan que se exploda! "O inconsciente determina a consciência? Ora bolas!

Na ciranda da banalização da vida e existência banalizou-se os inícios e fins. Os meios não se declaram mas garanto que fedem; mas o cheiro se dissipa ou pelo menos disfarça com pão, vinho, algumas "aleluias" e diversidades sacras que mais enchem o sacro do que o saco de sacrilégios que se fomenta mais e mais. Não esqueçamos também a contribuição amiga para Deus pagar seu aluguel. Deus, multi assessorado por seus subservientes da boa fé mantêm suas casas e cada vez adquire mais, portanto, quanto mais contribuintes houver, melhor será. Camisinha? Assim nascerão menos! Casamentos homo gêneros? Assim não nasce nenhum. Padres se casando? Mas e se a família tomar posse dos bens da sagrada Besta (Lê-se Papa)?
É, já se viu alguma empresa de cartões–de-crédito fomentando a massa socialista? Não. Melhor a desigualdade que lhes financia e engorda os cofres.
Como são as empresas de cartões-de-crédito são também as igrejas. Hei de sugerir a criação do Jesus Card International. Opa! Ei de lembrar-lhes que no décimo quinto dia o Senhor retirou de sua santa carteira um protótipo de cartão e o batizou como tal, dizendo logo após: "No futuro o homem saberá que todo o mal e desgraça que incidirem em suas vidas terá sido por culpa única e exclusivamente do próprio; mas como minha benevolência não tem limites darei-lhes Jesus Card International para que possam organizar e conviver melhor com seus pecados. Pagarão penitência de vinte ave-marias em dez vezes com juros baixíssimos qu serão cobrados junto a mensalidade dizimal. Agora, desfaça-se a luz, desliguem-se as câmeras e me deixem só pois descansarei!"

- Jesus Card International, aceito em todo o território do criador.

- Em breve o inovador e sacro programa de milhagens e pontos, comece já a pecar mais e garanta pontos suficientes para trocar por um abate no preço de seu terreninho no céu!

Friday, January 12, 2007

Ademais, nada mais.

Alvejai o ópio
Com a arma do ódio
Proclamai a morte
Perca teu viço e tua sorte
Derramai moral
Poetinha vil
Ex-fenomenal
Porquanto ainda existiu
Lava tua voz
Tua cara nem ouço
Di-me quão atroz sois
E de ti não mais posso
Brindo a desventura
De paixão perdida
Faça tudo errado
E ponha a culpa na vida
Agora que o medo
Devora-te a alma
Guarda meu segredo
E vê se dessa vez não falha
Ou ralharei contigo
Isso não é bobagem
Redimo-te e presenteio
Com o torpor da eternidade
Agora que estás forte
Tendo o pão comido
Agora que sorri
Achando ter vencido
Vá com tua turma
Sem pedir razão
Esqueça minha alma
Devolve minha solidão
Já que farei parte
Só do teu passado
Já que assim parto,
Pelo quente asfalto
Queime sol, meus pés.
Só assim vou parar
Seca sol: minha dor.
E nunca mais me deixe sonhar
Eu que sou tão fraco
Em toda minha força
Nas cenas do futuro
Cerre agora a cortina
E que mais ninguém me ouça.

Wednesday, January 10, 2007

Inquisição anti-humana

Moralistas pregam as leis a serem seguidas, se esquecendo que nenhum material ambulante segue tudo a regra sem nunca aderir ou ser persuadido por fatores exteriores. Tudo influi em tudo, e nada passa ileso ou totalmente integro.
Uma idéia se torna outra em simples frações quase que nulas de segundo, mas a quase nulidade já é algo e não um vazio – este que por sua vez tende a ter exacerbada credulidade em fé, mas que pouco se sabe de tal. Para todos os efeitos, para todos os desafetos baixamos a fronte e acatamos as leis, sendo elas terrenas ou até mesmo de natureza não táctil – como os surrealismos de crenças religiosas.

Em Wonderland tudo seria perfeito, não fosse pela carga existencial desse Tudo que fez com que a totalidade fosse vislumbrada na obra como um caos. Bem, para os de lá aquilo é praticamente a mais adequada das realidades, até por que não sabem da possibilidade de outra, ademais os “quiçás” de um ou outro sonhador, como aqui. Esta é a realidade perfeita, de múltiplas concepções e idealizações. Aqui o inferno e paraíso são a mesma coisa, muda-se o prisma, mas não a realidade e tudo é igual. Tudo é perfeito e tudo é desastre.
Não rogo pelo conformismo, longe de mim fazê-lo - mas também acho que a revolta deve ter motivos detalhadamente perfeitos e bem explicados, até mesmo para cada um dos que não acham que tudo está certo. Então nisso, vejo pelo menos para mim que a única forma de se mudar algo é mudando, dentro de si, não passo a passo, por que a demasiada calma é estagnante e dura. Mas abruptamente invencionista. Todos têm o poder de fazer tudo, mesmo que apenas na resolução surreal, como sonhos. Mas transpassar isso para a realidade é fato deveras simples. Basta mudar a forma de encarar e ver as coisas, fazer por si e não cair no costume de aceitação totalitária, pois isso é câncer de vida. Hora após hora, minuto após minuto, mas tudo sendo feito como a real unidade por guiá-los?! Oh, isso é a maior macaquice que há, daqui a pouco dirão que comer merda faz bem e que se comer um pouquinho de cada vez nem se sentirá o asco; um pouquinho de merda de cada vez e tudo se resolve? Não! Tudo de uma vez só.
Mudanças de uma vez só. Por isso que nenhum humano real até hoje conseguiu mudar porra nenhuma, e por isso a necessidade do credo em superiores que muito fizeram e que até mesmo modificaram tudo as suas voltas. Oras, mas até assim não eram eles normais, parte do que todos são. Não eram completamente humanos e os que foram não passam de especulação e teses maravilhadas e utópicas como sendo um arremedo do que se é no real, como sendo eles um esboço da perfeição. Tal ideal realmente é possível? Não seria melhor, mais palpável crer em perfeições – mais ainda: “quase perfeições” – mas não de forma completa, mas sim em partes específicas, como máquinas, cada uma tem a melhor peça que existe e por isso faz o melhor trabalho, com o melhor desempenho e produção. Várias unidades bem executantes do que se propõe forma um todo quase perfeito ou com a junção de potenciais diferentes resultando uma máquina excepcional.
Tende-se a crer em tudo como forma de reclamação e contentamento com as limitações, por isso acredita ou se admira demais super-heróis, entidades extra-humanas e outros embustes que fora do mundo literário ou cinematográfico é apenas piada não cabíveis, e mesmo se fosse cadê estrutura para comportar tais qualidades? Somos humanos – nem todos agem como tal, mas para exemplificar fica mais fácil assim – e nisso temos que conviver com limitações e as enfrentá-las como em guerras. Batalhas existem, mas sempre para enfatizar e suprir egos enormes e satisfazer ambições egoístas, e nunca até hoje tomadas como aula de garra, persistência, coragem, segmentação e sedimentação de ideais positivos e altruístas – egoísmo demais faz mal, altruísmo demais é utopia, logo, se deve ter as duas coisas em suas respectivas dosagens. Como se, por exemplo, cada parte do corpo tivesse uma voz ativa: A boca tivesse vontade própria; os olhos idem, as orelhas e outras partes assim por diante, ibidem; e elas pelo intermédio do controle de execução, cérebro, dessem comandos esparsos e egoístas e nisso guerreassem entre si. A boca ordenaria mais energia para si para trucidar alimentos mais consistentes e ter mais tônus e vivacidade para a sedução; as orelhas interessadas na espionagem de tudo à volta também comandariam o cérebro para que seu potencial fosse aguçado; os olhos por sua vez fariam algo similar, assim todas as funções em conflitos egoístas entrariam em batalhas, mandos e desmandos e assim a catástrofe estaria formada. A batalha da hipotrofia contra a hipertrofia no campo corpo humano.
A unidade corporal é algo que transcende a atavismo e por isso o organismo corporal humano funciona tão bem; quando há disfunções, simplesmente adoece.
Se pessoas encarassem a existência como unidade – não digo que todos se amem, isto seria hipocrisia, há diferenças. Mas trabalhassem juntos para o bem de todos e deixassem cada um conciso em si com paz para tal – tudo fluiria de melhor forma.
Mas vaidade, oh vaidade, existes. Obesidade também, e muitos lutam contra ela com sucesso, talvez por vaidade...
Mas preguiça, também existe. Mas muitos a ignoram ou então têm preguiça de pensar em outra forma de vida.
Assim o que vejo é que tudo faz parte de tudo – sem bancar profeta do óbvio ou fazer discurso de miss – toda a existência é intrínseca do que existe e há reciprocidade de noção disso entre as partes, apenas precisa-se atentar-se aos fatos e ideais, abrir os olhos e fechar a boca de vez em quando.

A quimera seria tal que o mundo entraria em colapso, pois nada mais haveria para ser feito ou então se mudaria constantemente o ideal regente de perfeição. O que há; o que existe, o que existiu e o que existira será sempre perfeito para o momento vivido.A única dúvida que tenho é se as pessoas têm a iluminação suficiente para perceber tal. Ou então é mais conveniente reclamar de tudo e todos? Ralham com tudo, culpam a todos e só por meio desse pandemônio conseguem sentir-se vítima; e mais uma vez, só assim conseguir tal explicação de vida frustrada para a bobagem lúdica aludida em tomos religiosos e ideológicos criacionistas que para nada mais servem do que culpar de maneira suave alguém pela existência e nisso sentir-se bem com tudo por não ser satisfeito e não se satisfazer com nada. A frustração não admitida é o mal. Basta admiti-la e tudo se dissipará.

Thursday, January 04, 2007

Ogros

Lá estava o grande fanfarrão com a cabeça descansada sobre o denso galho da enorme sequóia que vira a vida inteira nos momentos de desabafo mudo após os trágicos momentos de felicidade irradiante que houve sempre de cessar abrupta e infelizmente.

Lá, mais uma vez, ciente de que nada nunca tomava a figura da ultima prova, ele pensava e sentia a dureza do galho que servia como um aviso de vida em sua mente, mesmo que precisasse sentir à árvore um sentimento intrínseco a sua própria vida, tamanha naturalidade com que o tempo lhes fez por passados lhes fizeram mais do que simples protagonistas de uma vida, os tornara um. O ogro de sangue e a árvore de sanguínea seiva latente.

Disseram-lhe durante sua última desventura que ele portava-se de uma maneira que não concordava com sua forma. Afinal de contas, ele tinha alguma forma?! Era ele um ogro, sim, de nascimento – abstêmio às classificações formes de ogros com o qual o folclore se firma, ele não parecia com um, pelo menos não fisicamente, apenas na essência e ciência de sua natureza, e talvez – acreditava ele mesmo que os outros dos seus discordassem em alguns momentos – em algumas ações.

Como se davam o direito de duvidar de sua natureza, ele filho de um ogro e de uma ogra, que por isso mesmo cresceu sozinho ao ermo, apenas com a sombra e a dureza da árvore para lhe acariciar. Ele, que sempre matava animais como fazem os répteis, ursos, e leões, com total naturalidade e sem nem ao menos cogitar crueldade, era natural a crueldade, mas não intencional, era simplesmente sobrevivência e deleite.
Sim, sabia que não era verde, sabia que não era tão forte e desproporcional, mas também se julgava retardado e bonachão como os seus. Os céus hão de sempre convir, ou então não era ele um bravo guerreiro da mata e da mortal urbe.

O que lhe haviam dito era tamanha maldade que nessa obviedade já lhe figurava como inverossímil. Não era ele filho de um ogro e de uma ogra? Mas como não? E por que contaram-lhe só agora. Quem seriam seus pais? Oh, havia corrido para longe antes que chegassem a esta parte da história; mas sim, não podia ser real, não era fato, era apenas uma afronta provocativa e cruel, como todas as outras as quais fora submetido pela simples crueldade de seus pais que faziam isso com naturalidade à todo mundo pois achavam isso divertido, mas não, se não eram seus pais; seria ele realmente inato dos que os criaram? Mas eram ogros, e ele também era, sempre fora. Agora longe e na sua confidente que sempre assentia consigo ele rogava por lucidez, também praguejava e queria desmantelar um barril de chopp e sorve-lo por completo em um único gole. Foi o que fez.

Chegou a sua toca em silêncio, pelo menos no mais perto disso que pode um ogro conseguir. Foi até a cozinha e como não ouviu barulho algum no lar deduziu que estava só em casa. Foi até a adega e de lá tomou nos braços um barril grande de chopp. Foi para seu quarto e lá bebeu tudo rapidamente e deitou-se na cama de barro e palha. Quando começava a cochilar ouvir sons na toca e soube que haviam voltado. Foi até a sala e lá encontrou papai e mamãe. Dirigiu-se à eles e enfim:

-Não quero ouvir nada, a não ser o que vou lhes perguntar. Nem mais um quarto de palavra vou ouvir, e nem vocês, por hora. – baixou os olhos com medo dos olhares que sempre eram perversos e inclinou-se a pergunta – Se o que vocês me disseram antes realmente é verdade, então, quem são meus pais?

- Ó, isso nunca lhe escondemos, pensamos que embora fosse novo você sempre tivesse a consciência de que não era realmente nosso filho. Sempre dissemos e o tratamos como tal. Ou você acha que nosso comportamento e linguagem era apenas coisa de nossa natureza? Filho da puta, isso sempre esteve presente em sua criação, não? Pois és de fato filho de uma puta. Essa por sua vez foi morta logo após seu nascimento por seu pai, ele havia deixado a prisão havia apenas 5 horas, em condicional, você foi concebido em uma visita de sua mãe à cadeia. E seu pai estava lá há muito tempo, por motivos de dois dos inúmeros crimes que cometeu. Essa é sua história.

Após ouvir isso o jovem continuou de cabeça baixa e de súbito começou a rir, e mais e mais, ao ponto de ficar sem ar e vermelho – nem quando ria ficava verde, não era evidente que não era filho dos supostos pai e mãe que ali estavam?

-Vocês dois, aqui, me criaram por quê? Pena? Hobby? Criação pecuária humana? Tédio?

- Simplesmente criamos. Filho da puta bastardo! – respondeu o velho ogro sorrindo.

- E sempre me disseram, não? – Sorria – Mas quanto ao engano, o que me dizem?

- Engano? Diga qual!

- Não sou eu um ogro e dos piores? Por minha herança genética, meu sangue, minha luz. Foi me dado o direito de ser tão ogro quanto vocês. Dêem cá um abraço, pois vocês são meus pai e minha mãe. E aqui entre nós. Vocês não são tão ogros quanto dizem...

- Somos sim, por pura diversão acabamos de voltar da floresta, aonde derrubamos sua amiga árvore e a fizemos em pedaços. É tão bom espezinhar você, mas isso é amenidade, voltemos ao abraço, filhote – disse a ogra.

- Certo – abriram os braços e se abraçaram todos.

- O jovem foi até a frente da toca aonde estavam os pedaços de sua árvore e lá fez duas estacas com a madeira e voltou para casa aonde encontrou os pais bebendo, pegou os pais pelas costas, enfiou uma estaca na jugular de cada um sorrindo e depois deu uma cabeçada muito forte em cada um para que apagassem; os dois desfaleceram ali naquele mesmo momento.

- Nunca mecham com a arvore de um humano só. Ainda mais se esse humano tem convicção de que é mais ogro do que qualquer um. O sangue falou mais alto, digo, a seiva. E hoje, habemos churrasco!