Dias perturbados permeam meu cotidiano extremo, e nisso me
questiono sobre coisas comuns, banais. Peso de idade, forma de ver o mundo e inter-relações
com quem é próximo. Ciente de inúmeros defeitos e pesando opções de paz para
consigo mesmo, segue errante o arremedo do que quis um dia ser, e ao mesmo
tempo o ídolo que ocasionalmente tomo por verdade para comigo mesmo.
Há dúvidas sobre
tudo e certezas absolutas, como um tango em sua dramaticidade elevada com
expoentes fantásticos onde a lástima que se apresenta tem tons e temperos de
vivacidade ensandecida. Frente a sentimentos puros e imundos de não-vida e
sobrevida, diante de retaliações para consigo segue em frente este que oscila
entre a primeira e a terceira pessoa de forma sem propósito, propositadamente.
Nas palavras vinha vendo percalços e tombos, como um truão com maquiagem de
sorriso ao perceber que lágrimas de si pulavam em suicídio rumo ao chão.
Fez-se forte tal
truão, fez-se seu, depois de quase trinta anos, do nada, repente surpreendente
se fez ocorrer e nisso, ao contrário do que idealizava, vê este tolo que nada
muda com isso, nada se expande ou se comprime com certezas, e elas nada mais
figuram a si do que duvidas deixadas de lado, como uma espécie de fé que não se
tem, só se ascente, só se defende num ostracismo controlado que nomeia razão. A
não-razão foi deveras encarada fronte a fronte, devaneios a viagens, medos a
soluços bradando "nada temo!" e paixões que em uma semana sublimavam.
Se carência ou não, parecem agora tal tipo de momentos tão sérios quanto uma
partida de ping-pong, de um lado a comoção e entrega, do outro o resguardo,
esse tão confortável e sem expressão que chegava a doer por tamanha covardia.
Ei-la! tão irreal e tardia a falta de sentimentos pretendida - porém nem sempre
atingira - como um nirvana ao avesso que nada lhe acalenta nem garante, como
uma piada, tão infante que nem um riso tolo lhe causa, só estanca sofrimentos
passageiros que são deveras extremos e alegrias eternas e efêmeras que como tão
intensas duram menos do que um cigarro a queimar, e nisso a noite a passar e
nada, absurdamente nada - embora não fosse essa a ideia -, nada mudar.
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