Wednesday, April 02, 2014

O Grande circo

Um circo, um grande circo.
Precisamente, estamos todos enjaulados.
A maior crueldade, é que assim como o ar, tais jaulas a nós não figuram de forma nítida e com nefasta admissão.
Elas cá estão, intrínsecas a nós. São tais jaulas tão cruéis e brutais que são parte de nós como um todo
Desde um espirro e a forma que suas mãos na fronte são colocadas, um bocejo, uma expressão fugidia de raiva, tudo, e ratifico, tudo é premeditado e faz parte da jaula, do circo.
Fazemos ações ensaiadas cujo roteiro nos foi dado há tempos, e dentre os espectadores há parte dos autores, mesmo que estes já tenham morrido em suas jaulas; pois sim, nossos espectadores também estão enjaulados. A parte mais triste é justamente essa: Todos enjaulados, olhando para as jaulas alheias sem nem ao menos ver as nossas, nos vendo como parte central ou convidado de honra de um espetáculo de escárnio e sadismo que é a vida, a nossa premeditadamente errante vida.
Faz-se a obediência de todos, levando caminhos do êxito que nos é forçosamente empurrado goela abaixo, do tipo de felicidade que nos dizem ser o certo e que só trazem câncer, pela forma que envelhecemos seguindo normatizações do que é certo ou errado para cada uma das fases da vida e da forma que encaramos a morte, ah a morte, depois dela não há mais jaula.
Esta quimera persiste e sem que notemos, seguimos o texto feito macacos amestrados rogando por recompensas. Abrimos os olhos de forma ensinada, temos o léxico de forma constituída no ensaio, ganhamos chicotadas de morais instituídas por mortos, e aceitamos tudo isso por medo, e por não enxergarmos nossas jaulas.

E viva o circo!

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