Um circo, um grande circo.
Precisamente, estamos todos enjaulados.
A maior crueldade, é que assim como o ar, tais jaulas a nós
não figuram de forma nítida e com nefasta admissão.
Elas cá estão, intrínsecas a nós. São tais jaulas tão cruéis
e brutais que são parte de nós como um todo
Desde um espirro e a forma que suas mãos na fronte são
colocadas, um bocejo, uma expressão fugidia de raiva, tudo, e ratifico, tudo é
premeditado e faz parte da jaula, do circo.
Fazemos ações ensaiadas cujo roteiro nos foi dado há tempos,
e dentre os espectadores há parte dos autores, mesmo que estes já tenham
morrido em suas jaulas; pois sim, nossos espectadores também estão enjaulados.
A parte mais triste é justamente essa: Todos enjaulados, olhando para as jaulas
alheias sem nem ao menos ver as nossas, nos vendo como parte central ou
convidado de honra de um espetáculo de escárnio e sadismo que é a vida, a nossa
premeditadamente errante vida.
Faz-se a obediência de todos, levando caminhos do êxito que
nos é forçosamente empurrado goela abaixo, do tipo de felicidade que nos dizem
ser o certo e que só trazem câncer, pela forma que envelhecemos seguindo normatizações
do que é certo ou errado para cada uma das fases da vida e da forma que
encaramos a morte, ah a morte, depois dela não há mais jaula.
Esta quimera persiste e sem que notemos, seguimos o texto
feito macacos amestrados rogando por recompensas. Abrimos os olhos de forma
ensinada, temos o léxico de forma constituída no ensaio, ganhamos chicotadas de
morais instituídas por mortos, e aceitamos tudo isso por medo, e por não
enxergarmos nossas jaulas.
E viva o circo!
No comments:
Post a Comment