Wednesday, September 20, 2006

Reflexão do só

“Todas as faces são iguais”. Pensou em voz alta o espelho do velho e eterno eremita.
- Mas porque pensas assim, caro companheiro, EU em avesso?
- Pois são e é verdade!
O eremita para, reflete, enquanto o espelho também parado reflete.
-Essas rugas sob seus olhos são por culpa da luz, odeias o sol, te escondes aqui, és covarde!
- Não, minhas rugas são culpa do tempo. Ele passa.
-Sim e com ele vários sóis vêm e vão.
-Não, espelho. Há apenas um sol, ele se põe e depois regressa.
-Sei que são vários sóis, o que acontece e lhe confunde é que as faces dos sóis são todas iguais.
-Ah, espelho tolo! Porque lhe dou atenção? Nada sabes. Daqui jamais saísses!
-Caro velho. Eremita ancião; seus brancos e longos cabelos não são tão brancos quanto a folha de papel em branco que tens no lugar do que deveria ser sua memória. Algum dia fui trazido para cá, ou não?
-Cale-se, pois sobre nada sabes, apenas imita o que lhe passa pela frente. É praticamente um inútil truão.
-Sim, o truão que alimenta sua vaidade, o que lhe mantém vivo. És igual a todos aos quais evitas. Matéria de vaidade. Todos com a mesma face!

O eremita paralisa-se e em um impulso muito rápido da um soco, assim, fragmentando o espelho em várias partes.
-Viu? Você não é nada! – Diz ofegante e satisfeito o eremita.
Então não havia mais uma voz de espelho, mas diversas vozes vindas de diversos eremitas pelo chão, dizendo: - Sois vários, mas todos iguais. És vaidade, nada mais do que um mortal.

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