Saturday, September 23, 2006

Sem última companhia


Ele entrou na sala, era tarde, seu típico andar ritmado, havia dado espaço sem que ele percebesse a uma postura curvada, arrastando as pernas com força, tentando vencer o cansaço. Lúcifer mal o olhou; isso era estranho, era tão apegado ao dono.

Acendeu uma vela, estranhando sua própria postura contra luzes artificiais, como sempre fazia; sempre estranhava a si mesmo em algum momento, e por algum motivo, que normalmente nada eram além da busca de razões para auto-penitência depois. O depois chegou.

-Lúcifer, por que não veio a mim quando cheguei?

O olhar de Lúcifer dizia a ele que o motivo era cansaço, Lúcifer talvez tivesse se cansado demais durante o dia atrás de alguma presa, alguma perna de cor, alguma roda-viva que transitara por ali. Mas ele não ouviu o que aqueles olhos que sempre foram fiéis a ele lhe disseram.

-Lúcifer, por que não vens agora a mim? – dizia com um sorriso de canto enquanto abria uma garrafa de um whisky vagabundo de marca que não merece vir a conhecimento, o qual comprou como sendo whisky artesanal. Agora ralhava contra si mesmo mais uma vez por ter acreditado em tamanho absurdo. Os absurdos consentidos são sempre mais leves, mas sempre piores.

Lúcifer permanecia parado, apenas olhando de baixo, com apego e ao mesmo tempo indiferença – Lúcifer era complicado, quase tanto quanto o dono - o cansaço também estava lhe pesando as feições, e ele não relutava em esconder isto.
O whisky fluía por sua garganta e a anestesia das emoções do dia lhe começava a efetuar o objetivo.
Então, batendo com o copo fortemente na mesa disse:

- Cansei Lúcifer, há muito que você é o único com quem posso contar, mas agora não me tens mais aqui, ou não lhe tenho mais aqui! Não sei o que acontece. Não somos mais a mesma unidade - Parou por um segundo, vislumbrou de canto de olho o lume da vela e então continuou.

- Lúcifer! Não vou mais lhe evocar quando chegar! E também não quando sair!

Só agora via que estava mais só por que o cansaço, coisa infame, o afastara de quem era a única companhia que pensava ter: Lúcifer.

Agora nem Lúcifer lhe era companhia, e se assim era, talvez nunca o tenha sido.

3 comments:

Anonymous said...

aixxx
já tinha comentado...mas vou comentar dinovo.pq naum deu antes
afff
altos texto migo...haja imaginação hein
abraçãooOo

Anonymous said...

Nossa... gostei do teu texto!
Vou ler mais seguido o teu blog tá?!
Beijos.

Anonymous said...

Bahh!
legal u texto msm!!!

axei bm interessante
tu q escreveu?
bjo